domingo, 24 de julho de 2011

Classe C no controle.

As preferências da nova classe média forçam Globo a mudar programação para conseguir linguagem mais popular e maior audiência. Mesmo assim, perde 8% do ibope nacional enquanto Record cresce 2%.

O aumento da classe C no País – que hoje conta com pouco mais de 100 milhões de brasileiros, segundo o instituto Data Popular – tem influenciado grandes mudanças na televisão aberta. E não é para menos: a maioria das pessoas da chamada nova classe média (53%) tem a tevê como principal fonte de lazer e 74% delas assiste aos canais com o objetivo de se manter informado – os telejornais estão no topo da lista de preferências, seguidos por novelas e programas esportivos. Os dados fazem parte da pesquisa “A Classe C na TV”, divulgada no mês passado pelo Data Popular, que há 10 anos estuda a população emergente do País. E na corrida por maior audiência, a “Rede Record” tem registrado muitas conquistas. De acordo com dados consolidados sobre a audiência da tevê aberta no Brasil, divulgados no começo do mês pelo jornal “Folha de S. Paulo”, a “Rede Globo” perdeu 8% da audiência  no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, enquanto a “Record” registrou aumento de 2% na audiência geral (leia mais). Além disso, o portal “UOL” noticiou, também no início deste mês, que, na tentativa de recuperar a popularidade que vem perdendo entre os telespectadores, a “Globo” iniciou um processo de mudanças em seus programas jornalísticos, incluindo a troca de apresentadores, como no caso do telejornal matutino “Bom Dia Brasil”. Segundo o site, a reformulação no programa seria uma tentativa de torná- lo mais popular para concorrer com o “Fala Brasil”, da “Record”, cuja audiência cresceu 450% desde 2003 (veja matéria completa).

O levantamento do Data Popular foi realizado com base em entrevistas com 5 mil pessoas de todo o Brasil no último trimestre de 2010 e outras 5 mil das regiões metropolitanas, no primeiro trimestre deste ano.


“Durante muito tempo, o mercado publicitário e as emissoras de televisão se preocupavam em se vender para o que denominavam audiência qualificada. Para eles, as classes A e B. Agora, porém, os anunciantes procuram se comunicar com a classe C e estão obrigando as emissoras a fazerem o mesmo. A diferença é que algumas emissoras perceberam essa mudança antes do que outras”, explica Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.

Para ele, um modelo interessante de programa voltado a esse público é o matutino “Hoje em Dia”, da “Record”. “Ele junta entretenimento, serviços e jornalismo, contextualizando os assuntos no dia a dia das pessoas. Também há uma busca pelo jornalismo mais descontraído, que comenta e explica as notícias, como fazem Celso Freitas e Ana Paula Padrão, no ‘Jornal da Record’”, acrescenta.

Ainda de acordo com a pesquisa, os apresentadores da “Rede Record” Ana Hickman e Rodrigo Faro são os que mais prometem cair nas graças da nova classe média brasileira. Para os telespectadores, ela demonstra a possibilidade de ser rica e simples e de emagrecer e fazer sucesso. Ele transmite a mensagem de que não é preciso dinheiro para se divertir e que a felicidade é possível.

Para a professora de audiovisual da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo (USP), Marilia Franco, o crescimento da classe C é uma das razões para a tevê não ter perdido audiência na última década. “A ascensão da classe C provocou redistribuição da audiência entre as emissoras”, diz. “Com a chegada do Plano Real, todas as emissoras passaram a realizar programas mais populares. Isso se deve à chegada ao mercado de uma nova audiência, provocada pelo ingresso de 30 milhões de pessoas para as classes C e B e a venda de 6 milhões de aparelhos a quem nunca havia tido a oportunidade de assistir televisão”, lembra Sérgio Mattos, doutor em Comunicação pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

Fonte: Folha Universal

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